Autoconhecimento, uma dimensão individual do trabalho em equipe

Autoconhecimento como uma dimensão individual do trabalho em equipe

O Autoconhecimento pode ser definido como o  processo em que observamos e nos conscientizamos de nós mesmos. Uma fase de crescimento, que exige uma certa dose de curiosidade e coragem. É uma investigação  de nossa própria forma de pensar, sentir e agir.

É, portanto, um conjunto de informações sobre nós, de nossos comportamentos em diferentes situações, de nossas características pessoais, forças e de oportunidades de desenvolvimento.

Nós aprendemos ao longo da vida a expressar nossos comportamentos(sentimentos) em diferentes situações. Sendo assim, tomar consciência da forma como agimos em diferentes situações, abre espaço para o autoconhecimento. 

No livro “princípios da consultoria de processos”, Edgar Schein descreve o processo ORJI. Processo pelo qual, muitas vezes, as distorções entre intenção e ação de um indivíduo ocorrem. Ele defende que todo comportamento é consequência do “quê”  e da “forma” com que se observa uma situação, dos sentimentos gerados ao observar e do julgamento que se faz em cima destas informações.

Vejamos algumas reações:

  • Irritação quando opiniões divergentes são colocadas na discussão;
  • Rigidez em um posicionamento sem buscar entender o outro ponto de vista;
  • Se defender ou atacar quando se sente ameaçado pelo outro;
  • Influenciar decisões coletivas com interesses individuais, sem serem devidamente explícitos;

Estes são alguns exemplos de comportamentos bastante frequentes observados nas relações. Tais comportamentos tendem a ocorrer quando o indivíduo reage automaticamente sem ter tido contato consciente dos mecanismos internos que o faz agir de tal forma.

Diz o autor:   

“…uma pessoa OBSERVA um fato/situação,  REAGE emocionalmente ao que foi observado, analisa, processa e faz JULGAMENTOS baseados nas suas observações e sentimentos e, em seguida, faz com que algo aconteça – INTERVÉM.”

O autor ressalta ainda que “se as pessoas não são capazes de observar e avaliar os seus próprios sentimentos, vieses, distorções, perspectivas e impulsos, não saberão discernir se suas ações, intervenções e comportamentos estão baseadas na percepção da “realidade” ou nas suas próprias necessidades ou defesas.

Vamos olhar detalhadamente este processo:

A Observação

O nosso sistema nervoso é previamente programado por meio de múltiplas experiências anteriores a filtrar o dado que é absorvido. O que se ouve é mais ou menos o que se “espera” ou “prevê” com base em nossas experiências passadas. Sendo assim, a informação não é registrada passivamente.

As teorias já mostraram o quão abrangente a nossa distorção perceptiva pode ser. “Para lidar com a “realidade” é preciso compreender e se esforçar para reduzir as distorções iniciais que o sistema perceptivo é capaz e tende a desempenhar” afirma Schein. Aprender a observar, então, é aprender sobre superar as armadilhas expostas pela experiência anterior e mecanismos psíquicos.

Quando o indivíduo aprende a ver algo de uma determinada forma, tende a enxergar desta mesma forma, até que detenha domínio sobre este processo. Os esquimós, por exemplo, aprendem a diferenciar tipos de gelo distintos, o que para nós dos trópicos, existe apenas “um gelo”.

A Reação emotivas frequentemente nem são notadas

O aspecto mais difícil de aprender sobre as nossas próprias reações emotivas é que, frequentemente, elas nem são notadas. Nossos sentimentos são negados ou tomados como tão corretos que são ignorados e cai diretamente em julgamentos e ações.

Sentimentos são uma parte importante de cada momento da vida e aprendemos cedo, que há muitas situações em que eles devem ser controlados, reprimidos, superados e, de várias maneiras, removidos ou negados. 

Ao longo da vida aprendemos quais os sentimentos são aceitáveis e quais não são, quando é apropriado expressá-los e quando não, quando são “bons” e quando são “maus”. Aprendemos que sentimentos não deveriam influenciar julgamentos, que emoções são fonte de distorções e se é orientado a não agir a partir deles.

Mas, paradoxalmente, com frequência acabamos agindo principalmente a partir das nossas emoções, pois não há muita consciência delas, pela ilusão de estar agindo somente a partir da razão. Muitas vezes há cegueira quanto às influências que os sentimentos têm sobre o julgamento.

Então, quando somos capazes de aprender a identificar os sentimentos verdadeiros e o que os desencadeia, podemos escolher como reagir a eles. A pessoa é vítima dos seus sentimentos quando não os conhece, não sabe quais são eles e nem o que os desencadeia. Portanto, a principal questão que envolve as emoções é encontrar maneiras de entrar em contato com elas, de modo a possibilitar a escolha de uma ação.

Julgamentos

Nós estamos constantemente processando dados, analisando informações, avaliando e fazendo julgamentos. Essa capacidade de analisar antes de agir é o que nos torna capazes de antecipar e de organizar atividades de acordo com um plano.

Todas as análises e julgamentos que forem feitos valerão apenas na medida dos dados sobre as quais se baseiam. Se os dados são confusos ou foram distorcidos por emoções, então as análises e julgamentos serão falhos. 

Um erro comum é fazer exercícios sofisticados de planejamento e análise se não se dá atenção à maneira como a informação é obtida e quais os vieses ela pode conter. Nenhuma análise pode ser útil quando inconscientemente se distorce o raciocínio pelas próprias reações emocionais. 

Intervenção

A intervenção pode não ser mais do que uma “decisão” de agir como impulso emocional, mas é preciso estar atento a isso, este movimento decisório. Quando se age impulsivamente dá-se muito crédito para a observação inicial.

Reações automáticas que criam problemas são intervenções feitas a partir de julgamentos com base em dados incorretos. Se a observação é distorcida, a ação tende a ser também. Se o julgamento parte de dados incorretos, a ação tende a ser também.

Ampliar a consciência sobre os fatores internos que influenciam o próprio comportamento permite a cada indivíduo escolher o que deseja para si e, assim, mudar aquilo que passa a incomodá-lo.

E qual o papel da equipe no processo de autoconhecimento? Cada membro da equipe ao relatar sua percepção (feedback) permite ao outro entrar em contato com este conteúdo. Desta maneira, quem recebe este feedback amplia sua visão sobre si e o impacto de seu comportamento nos demais da equipe. O feedback é, portanto, a principal ferramenta de ajuda que os membros de uma equipe podem utilizar para fornecer sua percepção sobre o outro.

Ciclo ORJI, trechos extraídos do Livro “princípios da Consultoria de Processos” – Edgar Schein

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